sábado, 25 de agosto de 2012

Mensagem de Natal Com Atraso


“Deus escreve certo por linhas tortas!” Se me fosse permitido escolher um epitáfio, esse velho bordão seria o meu. São três da manhã do dia 27 de dezembro e estou escrevendo minhas mensagens de Feliz Natal.
 Não faz sentido expor aqui a sucessão de incidentes que me fizeram chegar a esse atraso todo, como a formatação acidental do meu disco rígido, ou  a tempestade que me pegou no caminho. Só não consigo deixar de imaginar como seria o Natal se eu fosse um dos Reis Magos. Penso que eu seria o Jachior. Gaspar e Balthazar lá me esperando e eu atrasado:
 - Jachior! Anda logo! A estrela de Belém já está nos indicando o caminho há dias...
 - Só mais um minutinho, amigos. Estou rebootando o camelo que travou...
 Já chateado com o camelo empacado, resolvo partir para uma atitude extrema. Pego a mirra que seria para ofertar ao nascituro e introduzo no cooler do animal, que parte em disparada... na direção contrária. Gaspar dá um tapa na testa, enquanto ambos me vêem desaparecer por trás de uma duna em pleno deserto, na direção oposta a Belém, enquanto brado:
- Volta aqui, camelo filho da... – e minha voz some por trás do monte de areia.
 Sem alternativa, ambos resolvem partir sem mim.
 Meu camelo fica dando voltas pelo deserto – e eu sempre alguns metros atrás do desgraçado - até que nos aproximamos de um grupo de beduínos. A princesa, filha do chefe do clã, está à beira da morte. Foi picada pelo terrível escorpião negro, o mais terrível dos peçonhentos, mas  graças aos céus, há uma chance: a feiticeira da tribo consegue fazer o antídoto, juntando o orvalho de uma noite em uma tigela. Era sua última esperança. Era, porque o maldito camelo enfia a bunda na gamela, antes que alguém possa fazer nada para impedir.
 Os beduínos resolvem sacrificar o camelo e seu dono – EU! – em memória da finada princesa. O camelo e eu – não necessariamente nessa ordem - saímos correndo pelas areias escaldantes do deserto, com os guerreiros gritando atrás de nós.
 Em uma curva do caminho, desviamos para a direita e os beduínos prosseguem para a esquerda. Vão direto a Gaspar e Balthazar, que daquele dia em diante passa a ser chamado de BAITA-AZAR. Coitados! Os nômades bem que descobrem que não eram quem procuravam, por isso apenas dão-lhes uma surra de moer os ossos e tomam-lhes o incenso e o ouro.
 Depois de muitas agruras, finalmente chegamos a Belém, - de mãos vazias! - mas Jesus já estaria com quinze anos de idade.
Por isso não fui um dos Reis Magos. Deus escreve certo! E eu tento remendar meus retalhos. Então, mesmo com dias defasado,
FELIZ NATAL...

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